Descaso

Falta de energia elétrica chega a 13 dias para moradores do interior

Desassistência atinge famílias com idosos e pessoas doentes; diante da falta de previsão de normalização do serviço, mais um protesto foi registrado

Foto: Divulgação - DP - Moradores de Piratini protestaram em razão da falta de luz

Após quase duas semanas sem luz, a terça-feira iniciou com mobilização para os moradores do 2º distrito de Piratini, que trancaram parte do acesso ao Município com pneus incendiados. No Cerrito, a situação é semelhante, são 14 dias sem eletricidade em cerca de 400 residências do interior, sendo que vários dos endereços também estão sem água. Já em Pelotas, os relatos de desassistência são do 3º distrito, na colônia Py Crespo. Além dos transtornos na rotina, os atingidos também enfrentam dificuldades com familiares idosos e doentes.

Com eletricidade em casa, Ronaldo Melo esteve mesmo assim no protesto devido às dificuldades que os pais idosos têm enfrentado sem luz desde a última quinta-feira. Moradores de um assentamento no 2º distrito, o casal, ambos com 65 anos, não têm comunicação com os familiares e têm passado dias de temor em casa. "É muito complicado, o pai mesmo tem problema de coração e não pode fazer esforço, mas mesmo assim tinha que puxar água de balde da cacimba para poder se manter. Eles estavam apavorados, é a primeira vez que ficam tanto tempo sem luz", conta o filho que tenta visitar os pais diariamente.

Outro morador do 2º distrito, Tiago Kluge, conta que o maior desafio nos últimos 13 dias tem sido o armazenamento da insulina da mãe e dos medicamentos do irmão que está passando por um tratamento para leucemia. "Tivemos que ir em Piratini comprar gelo. A minha mãe teve que comprar um gerador a prestação a perder de vista para poder manter alguma coisa", relata. O produtor rural também reclama sobre as perdas alimentícias e as despesas que a família não teria como arcar, mas que são necessárias, como o diesel para o gerador. "O freezer cheio porque a gente sempre mata um porquinho, compra uma carne quando vai na cidade e se tudo perdeu. Tu gasta dinheiro que não se tinha para pagar."

A rotina dos três filhos do produtor rural também está sendo afetada na educação, já que as crianças estão sem aula. "Estão sem escola todos esses dias". Kluge diz que a situação na localidade ainda é caótica, mas ao ver funcionários da CEEE Equatorial circular tem esperança que o cenário seja normalizado. "É muito poste caído, fios derrubados e pouca gente [da Equatorial], mas pode ser que essa semana ainda a gente tenha luz."

Cerrito

No município com pouco mais de cinco mil habitantes, cerca de mil moradores do interior estão sem energia elétrica há 14 dias. "Está um caos porque as pessoas não têm luz e água, nós estamos levando água para essas pessoas", diz o prefeito Douglas Silveira (PP). Conforme o gestor, os desassistidos são em grande maioria produtores rurais e os prejuízos são incalculáveis. "Estão perdendo produção rural, perdendo alimentação". Ele ressalta que mesmo com uma ação judicial que multa a concessionária em R$ 50 mil por dia pela falta de energia, não há avanço no restabelecimento do serviço. "O contato com a Equatorial é muito ruim, a logística de trabalho deles é muito ruim e a gente vai peleando como pode aqui", conclui.

Pelotas

Na Colônia Py Crespo, no 3º distrito, os moradores tiveram esperança de que o problema tivesse sido solucionado quando a energia elétrica retornou. No entanto, o serviço não durou muito. "Voltou a luz, uns quatro dias estive com luz, aí faltou de novo e até agora nada, mas os meus vizinhos não tiveram nem 24 horas com luz", conta Edileia Radke.

A moradora relata que além de grande parte da produção leiteira ter sido perdida, o que está sendo mantido por gerador não tem sido transportado por temor das revendedoras de que o produto não esteja nas condições adequadas para consumo. "Eu tenho gerador, mas o custo do óleo diesel está muito caro. As coisas de geladeira e freezer estragaram tudo. É brabo, a gente já sofre com o tempo, tem perdas, é seca, é tudo", lamenta. Além disso, Edileia reclama das dificuldades enfrentadas no cuidado com o pai, de 95 anos. "Eu tenho meu pai com Alzheimer, está muito difícil, ele não entende que não tem luz de noite".

Na Cascata, a instabilidade da energia elétrica também é o cenário enfrentado. Moradora da localidade, a baronesa da Fenadoce, Maria Eduarda Dode, conta que o serviço retornou por um período curto. "Já estamos há 48 horas sem luz novamente, não está fácil morar na colônia."​

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